Seu cheiro no meu travesseiro minutos depois que você saiu para o trabalho me fazem soltar um sorriso bobo e um suspiro de calmaria. Não sei bem como nem por que você chegou, mas sei que foi em um dos raros momentos em que eu baixei a guarda sem querer.
Quando eu me dei conta estava trocando mensagens contigo em plena madrugada com o mesmo sorriso bobo que eu me flagrei exibindo ao sentir seu cheiro no meu travesseiro. Você chegou exatamente uma semana depois que eu expliquei para a minha melhor amiga que eu tinha dispensado aquele outro carinha porque eu decidi que não me contentaria com nada menos que um amor que me tirasse o fôlego.

Eu poderia passar horas olhando seus olhos e pensando no quanto você é lindo. Eu poderia te dizer o quanto você me surpreendeu aquele dia em que você me contou a sua vida inteira e eu te achei a pessoa mais especial do mundo. Eu poderia enumerar todos os milhões de motivos que me fazem ficar meio besta perto de você. Porque você não é só lindo, você não tem só os olhos mais incríveis e o sorriso mais contagiante da face da terra. 

E eu penso em como você chegou no timing perfeito. Depois de tantas pessoas certas no momento errado, de tantas pessoas erradas no momento certo e tantas pessoas que eram simplesmente erradas e eu insistia em transformar erros em acertos, você chegou e me mostrou que tudo tem uma razão de ser. E eu que há muito tempo não sentia o coração bater forte no peito precisei me concentrar muito na minha respiração para não morrer sem ar quando você me beijou no portão da minha casa. Eu que há muito tempo não soltava um sorriso bobo ao ler uma mensagem me pego sendo absurdamente feliz antes das nove da manhã. 

2015, o ano que nunca acabava! Hoje chega ao fim e a gente aproveita a deixa pra refletir e fazer nossas resoluções pro próximo ano que bate a porta. Em 2015 eu fui mais feliz que triste - ainda bem. Foi o ano de assumir novos desafios, de me perder um pouquinho na vida. De deitar na grama e refletir sobre os próximos passos. Foi o ano de errar feio e acertar de maneira linda em algumas escolhas. Foi o ano de deixar o medíocre pra trás e criar coragem de seguir em frente. Foi um ano de encontros, desencontros e reencontros. De não me contentar com nada menos do que eu achava que merecia. Foi o ano de voltar a escrever! De certa forma, foi o ano em que depois de muito tempo eu voltei a ser a pessoa que eu sou! Foi a oportunidade de jogar tudo pro alto, limpar todas as gavetas da vida, fazer aquela faxina e começar tudo do zero. Mesmo sem saber como. Foi o ano para os bons amigos mostrarem a que vieram e segurarem uma barra comigo. Foi o ano das piras, de novos amigos, da casa cheia, da cerveja no pé sujo até a madrugada. O ano das chegadas e das despedidas. De me decepcionar com pessoas que eu nunca imaginaria e de me surpreender com quem eu menos esperava. Foi o ano das confusões familiares, mas também foi o ano do perdão, da superação das diferenças e dos reencontros - e essa foi a parte mais linda! 2015 foi incansável no propósito de me surpreender todos os dias, pessoal e profissionalmente. Pra 2016? Ah, deixa o universo conspirar! Tá dando certo!

- K.

Hoje faz quatro anos que você subiu a rua da minha casa sem olhar pra trás e me deixou chorando no portão. Quatro anos e eu ainda lembro da dor profunda que eu senti no peito depois de te pedir pra não me procurar mais. Foi a melhor e a mais difícil decisão que eu já tomei na vida. E hoje fazemos aniversário da última partida. Um aniversário que quase se iguala ao tempo que ficamos juntos.

Depois da sua partida vieram outras chegadas e outras partidas, mas nenhuma foi tão dolorosa quanto a sua. Lembrar da cena da nossa despedida é como apertar uma ferida que não cicatrizou direito. Vez em quando eu ainda me pego lembrando do nosso último abraço, quando você pediu pra eu me cuidar e não esquecer que, apesar de tudo, havia amor entre a gente. Mesmo que a gente não acreditasse nesse amor o tempo todo, ele esteve sempre ali.

Semana passada uma amiga me levou em um centro espírita e eu ouvi alguém dizer uma coisa que me ficou grudada na cabeça. Você é exatamente o que precisa ser. Na hora eu não dei muita bola, mas pensando bem, vi que faz todo sentido. Sempre tive uma tendência a acreditar que a gente tem sim uma missão na vida. Que a gente não está aqui só pra nascer, crescer, se reproduzir e morrer. Se fosse tão fácil seríamos árvores, não humanos. 
Na mesma semana eu li uma crônica que terminava com a seguinte frase: Deixa o universo conspirar. E então eu lembrei do que tinha ouvido no tal centro espírita. E pensei que a gente é exatamente o que precisa ser, e que estamos exatamente onde precisamos estar. E que o universo, ou Deus, ou Alá, ou como você queira chamar a grande razão de existirmos, conspira pra tudo isso. 
Eu estava exatamente onde precisava estar quando conheci as melhores pessoas que passaram pela minha vida. Eu era exatamente quem eu deveria ser quando realizei as coisas mais bacanas que já fiz.

Eu não estou apaixonada por você. Não, eu não me apaixonei por você quando a gente saiu e foi naquele bar super legal que toca as nossas músicas preferidas. Eu não me apaixonei por você depois de meia dúzia de cervejas e uma noite inteira falando sobre política, horóscopo e em como a gente pode mudar o mundo. Eu não me apaixonei por você quando eu disse que estava com frio e você me deu a sua blusa.

Eu não fiquei nenhum pouco encantada quando você caminhou comigo até em casa e a gente ficou andando sem pressa pela cidade durante a madrugada. Eu não fiquei nem um pouquinho balançada quando você me fez parar e reparar na lua.

Ironicamente seu aniversário é hoje e eu acordei com uma ressaca daquelas - igualzinho ao ano passado. E apesar de toda a dor de cabeça que me fazia ter sérias dúvidas sobre o que diabos aconteceu ontem a noite, eu me lembrava perfeitamente que dia é hoje: quatro de outubro. E eu passei muitas horas repetindo para mim mesma: é só quatro de outubro, só mais um quatro de outubro, nada de mais.
Mas foi inevitável não lembrar do último quatro de outubro e de todos os anteriores. Foi impossível não lembrar de você. Por incrível que pareça, eu cheguei até a sorrir. E eu percebi que finalmente eu cheguei em um estágio em que você virou memória. Daquelas que estão ali pra te mostrar que amor nem sempre é fácil, quase nunca é simples e quase sempre dá errado - e não tem nada de triste nisso.